Bolsonaro fora
No julgamento do ex-presidente, a começar pelo voto do relator, a maioria votaria pela cassação, independente de ser ou não justa. Em termos de política partidária, quem ganha e perde com o julgamento? Pode parecer que a direita perdeu seu braço forte. Mas, na verdade, os ministros que votaram contra Bolsonaro, fizeram um favor a esta posição partidária. Primeiro, pelo simples fato que Bolsonaro não é de direita. É de extrema-direita. E estas posições extremistas, de uma banda ou outra do universo político, agradam um número muito pequeno de eleitores.
Os votantes, em geral, posicionam-se no meio termo. Não de centro, mas longe dos extremos. Não há como duvidar que o capitão é um extremista, reconhecido por ele mesmo. Quem votou nele, junto com o desconhecido Hamilton Mourão, votou em um político que trazia esperanças aos brasileiros. Logo, o vice foi preterido, ofendido em público e silenciou. O STF votou pela anulação das sentenças de um criminoso, sentenças de vários juízes e tribunais, permitindo sua volta a vida pública, mesmo sem conseguir absolvê-lo porque as provas contra ele são robustas demais.
Com meio caminho andado, restava à esquerda lançar seu mais conhecido quadro. Mesmo com uma imensa massa de manobra e um grande eleitorado de cabresto, como são conhecidos milhões de eleitores, ainda seria uma eleição que o então presidente poderia ganhar. Mas, medidas erradas, quer no combate a COVID, quer na escolha do novo candidato a vice, quer nas manifestações públicas agressivas, tornaram Bolsonaro o maior cabo eleitoral de Lula. Saindo da disputa, permite a centro-direita lançar outro nome. Mais forte, mais palatável aos eleitores. Sua cassação abriu espaço para um novo tipo de candidato.