Aos gaúchos e gaúchas
Discute-se, agora, na Assembleia do Rio Grande do Sul, se o Hino Rio-grandense é racista, em razão de um de seus versos. A música foi composta pelo maestro-militar do império brasileiro Mendanha, que era negro, e apresado com sua banda, na derrota frente aos farroupilhas na Batalha do Rio Pardo, em 1838. Mais tarde, ficou morando em Porto Alegre, destacando-se em sua área e sendo querido pelos rio-grandenses. A primeira letra do hino é de autoria de um capitão farrapo, Serafim de Alencastro. Composto logo após a rutilante vitória, deveu-se a um pedido do general Antônio de Souza Neto, um dos vitoriosos da batalha. É Hino marcial.
Diz: “Mas não basta pra ser livre, Ser forte, aguerrido e bravo,
Povo que não tem virtude, Acaba por ser escravo.
E depois:
Mostremos valor constância, Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas, De modelo a toda Terra.”
No seu contexto histórico o hino retrata a situação do Rio Grande e suas gentes: brancos, negros e índios, espoliados em seus interesses pelo Império do Brasil. A Guerra dos Farrapos que originou o hino foi uma guerra para livrar nossa gente - de qualquer cor - da escravidão em que se encontravam. Nada tem de racista, porque nunca o foram os gaúchos.
Érico Veríssimo, relata bem, no seu livro O Tempo e o Vento, as relações entre brancos e pretos revolucionários.“...os republicanos deram alforria para todos os negros que se alistaram nas suas forças. Os imperiais quando pegavam um desses negros mandavam dar-lhe uma surra. O governo farroupilha deita então um decreto, dizendo que dali por diante toda vez que os imperiais surrassem um negro farrapo, eles tirariam a sorte entre os prisioneiros e passariam um oficial legalista pelas armas.” Racistas???