Voluntários das águas
A Rua Voluntários da Pátria, em Porto Alegre, alagada nesta enchente, já foi uma das principais vias da capital gaúcha e homenageia os voluntários da pátria. No início da Guerra do Paraguai (1864-1870), as Forças Armadas brasileiras eram de cerca de 16 mil soldados. Contra mais de 40.000 inimigos. Com o Exército desorganizado, o Brasil estava despreparado para uma guerra. Em 1865, face a diferença entre as forças militares, Pedro II criou os Corpos de Voluntários da Pátria, chamando voluntários para reforçar o efetivo das forças do Exército Brasileiro. Ao final, o Brasil teria participado da guerra com cerca de 150 mil homens, dos quais um terço morreu no campo de batalha. Os “voluntários da pátria" chegaram a ser quase 40.000 soldados.
Passados uns 150 anos, sem chamamento de ninguém, os brasileiros se levantaram novamente, não para ajudar o Brasil, mas para ajudar o Rio Grande do Sul, onde centenas de milhares de gaúchos sofriam com enchentes devastadoras. Mortes, milhares de desabrigados, prejuízos de bilhões de reais, cidades inteiras devastadas, casas destruídas, ou por rios caudalosos, ou por cheias incontroláveis. O Rio Grande, sozinho ou com o auxílio da União, não teria condições de combater a tragédia. E as iniciativas dos governos sempre são morosas.
Então, assim como chegaram as águas, começaram a chegar os novos voluntários da pátria. Milhares. De todos os estados brasileiros, pertencentes a religiões, entidades de classe, associações desportivas, clubes de serviço. Empresas particulares e comboios de caminhões, com alimentos, roupas e água, cortaram o Brasil, procurando atalhos e buscando chegar a gaúchos desesperados. Os filhos teus não fogem a luta.