Final de semana de pais e filhos

Fomos para um hotel de Canela, no sábado, para ver o show de luzes da catedral local. Meus familiares conversavam na sala de recepção, e eu fiquei assistindo o jogo do Grêmio, junto com outras pessoas. Pelo meio da primeira etapa, começaram a aparecer outros hóspedes: encheram as poltronas, no meio das quais, na mesa central, um casal, auxiliado por um garçom, começou a colocar taças, pratos, vinhos, espumantes e petiscos. Me dei conta que eram os familiares dos avós preparando uma festa conjunta. Pedi licença e, apesar dos convites educados, fui embora.

Na recepção, a uns 20 metros da sala, fui pedir informações sobre o horário do show da catedral. Falava com o recepcionista quando, nas minhas costas, me chamaram. Voltei-me e o avô, com uma taça de vinho na mão falou: “Já que veio embora tome pelo menos este vinho comigo!” Surpresa ante o inusitado gesto que compartilho agora. Quantos de nós teriam a lembrança, em uma festa familiar, de tal delicadeza? Eu, confesso, seguramente não.  Obrigado pelo gesto, amigo desconhecido.

Domingo recebi os presentes. Merecidos... diria eu! Entre os quais um par de botas de minha filha. Quando deixei de caçar perdizes e andar a cavalo, dei minhas botas velhas para um peão. E sempre quis de novo um par, mesmo que para pouco uso. O pão-durismo me impedia de comprar. Presente de bater no coração. Viemos embora. Na cancela do pedágio, na minha frente ia o auto de uma senhora. A cancela abriu, como é óbvio, e ela passou. Quando fui passar a barra continuou fechada. Então abriu-se a janela do atendente. Deu bom dia e falou: “Não poderia deixar de cumprimentá-lo e em nome da empresa pelo Dia dos Pais. Felicidades para o senhor e boa viagem! ” Quantas emoções.