Moto morto
A maioria pilota corretamente. Mas há os outros. A diferença entre uma palavra e outra é um r. O r de relapso. Relapso é quem é negligente no cumprimento de suas obrigações, relaxado, displicente. O sujeito anda de moto e se deixa levar pela falsa ideia de saber tudo de moto e de trânsito. Moto vira morto. Ou então, não cumpre suas obrigações com as regras de trânsito, feitas para dar segurança às pessoas. Moto vira morto. Ou é relaxado e não tem cuidados mínimos com sua máquina, principalmente freios e pneus que custam a estragar, mas que custam também na hora de consertar ou trocar. Moto vira morto. Ou é displicente, isto é, desatento ou descuidado. Moto vira morto.
No Brasil, em 2022, morreram 33 motociclistas e 77 ficaram feridos por dia, apenas nas rodovias federais. A maioria homens jovens entre 20 e 24 anos. Idade em que sabemos tudo. Campanhas de conscientização e fiscalização de trânsito não estão resolvendo o problema, que é inerente a cada pessoa atrás do guidão. Relapso ou não, ainda tem automóveis e caminhões transitando. Na região onde moro tem uma estrada de serra, de sucessivas curvas. Não passa semana sem um acidente. Quem passa por ela sabe como transitam as motos. Nas ruas, cruzar sinais fechados ou andar em zigue-zague entre os carros parados, é normal.
Cézar Fuchs tem cerca de 400.000 km rodados. Seu depoimento: Dois acidentes sem risco de vida. Viajou para vários estados brasileiros. Para Atacama, no Chile, pela traiçoeira estrada argentina. Fez 6 cursos de pilotagem, não obrigatórios, para aprender a pilotar cuidando de si, para seus erros pessoais ou dos outros. Ao contrário de Cézar, 53% dos motociclistas do Brasil, não têm nem a CNH. Não poderiam nem pilotar. Estão brincando de roleta russa.