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Por Donato Heinen. Publicado em 13/04/2017

Notas e Apartes 1.195

Coluna publicada no jornal Tribuna Livre de 13-4-17


De Miami Beach

Retificação – Referi na coluna passada que o salário mínimo do trabalhador cubano seria de cerca de 500 CUP, ou 20 CUC/dólares. Na verdade, falando com mais pessoas, apurei que o valor é ainda menor, de apenas 350 pesos cubanos. Ao câmbio de R$ 3,15, daria em torno de R$ 44,00 por mês.

Igreja Católica – No Domingo de Ramos, casualmente cheguei à igreja Sagrado Coração de Jesus, onde o papa Francisco esteve em 2015. A Igreja Católica está em ascensão em Cuba. Foi o que me disse em entrevista Hiram Montes de Oca Gonzales. Ele trabalha lá como tesoureiro e ganha 600 pesos de salário ao mês. Cerca de R$ 76,00. Você pode estranhar, mas Hiram é a favor do regime comunista em Cuba e está satisfeito com o governo.

Garantia – Ele me disse que a famosa “libreta”, que é usada pelo governo Castro para controlar a venda de comida subsidiada à população mais pobre – em expressivo número – serve para garantir a ração mínima a cada pessoa. Isso no entendimento do governo. Sejam grãos, carne, ovos, pão etc. Ovos, segundo Hiram, cada cidadão tem direito a QUATRO por mês ao preço de 35 centavos de peso a dúzia. O controle é feito na “libreta”. Agora, se tiver dinheiro suficiente e ovos à venda, ele pode comprar quantos quiser no mercado livre a 13,10 pesos por dúzia. Mas em Matanzas, por exemplo, tentei comprar três ovos para comer no jantar e não me venderam. Era um mercado estatal. Lá, compras só com a “libreta”.

Mercado livre – Apesar do regime comunista, em Cuba também funciona o livre mercado de bens de consumo e serviços. Nesse mercado, em sua maioria, as transações são feitas em CUC, a moeda conversível, que vale 25 vezes o valor do peso comum e um pouco mais que o dólar norte-americano. Carros, imóveis, comida, bebida e outros podem ser livremente comercializados. Mas a grande maioria das pessoas não tem acesso a eles porque não possui dinheiro pra isso. E também porque os bens e serviços também são encontrados em quantidade limitada.

Segurança – A segurança pública é boa. Senti-me absolutamente tranquilo e seguro caminhando pelas ruas de Havana e Matanzas. Tanto de dia quanto à noite. Assim como na questão do asfalto, também perdemos para Cuba nesse particular.

Intelectuais – Sugiro aos intelectuais e políticos da esquerda brasileira que conheçam Cuba pessoalmente. Mas não vale andar só de avião e táxi seminovo, se hospedar nos melhores hotéis de Havana e comer em bons restaurantes. Aí é fácil.

Povão – Quero vê-los convivendo no meio do povo, como eu fiz. Andando de táxi dos anos 1950, 1960. Circular em ônibus superlotados. Caminhar dezenas de quilômetros pelas ruas estreitas e sujas de Havana e do interior. Acessar a internet em condições precárias na rua ou em praças. Isso quando conseguirem acesso. Comer em bares e restaurantes frequentados pelo povão. Se fizerem isso, certamente deixarão de falar inverdades e bobagens e saberão como funciona de verdade o regime comunista cubano.  

Conhecer pessoalmente – Os sete dias que passei em Cuba serviram para conhecer de perto boa parte da realidade do país. A melhor forma de se conhecer um lugar é indo até lá. Assim, a pessoa terá argumentos para debater a realidade sem depender apenas de informações de terceiros. E isso serve para tirar as próprias conclusões sobre as coisas boas e ruins que existem em cada país.     Donato Heinen  

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