Ataques de alunos da USP a Janaina Paschoal geram reação em sua defesa
Estudantes da USP disseram que a jurista 'não é bem-vinda' | Foto: Divulgação/Alesp
Depois de ser atacada pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a jurista e deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB-SP) recebeu apoio de políticos e personalidades.
Na segunda-feira 6, membros do ajuntamento publicaram um abaixo-assinado contra a volta da jurista ao cargo de professora da instituição. Janaina Paschoal licenciou-se, depois de vencer a eleição para a Alesp, em 2018.
Segundo o documento, a docente “não é mais bem-vinda” na faculdade, em virtude da “contribuição indecente” que supostamente fez para o país, em alusão ao apoio do parlamentar ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e à eleição de Jair Bolsonaro, em 2018.
“Não consigo aceitar que uma nota dessa seja assinada por uma comunidade acadêmica”, escreveu o economista Marcos Cintra, ex-secretário do Ministério da Economia, no dia seguinte à carta. “É a negação do que deveria ser.”
Também o senador Sergio Moro (Podemos-PR) saiu em defesa de Janaina Paschoal. “Alguns jovens imaturos da Faculdade de Direito da USP querem impedir, por patrulha ideológica, Janaina Paschoal de voltar a dar aulas”, publicou. “Espero que cresçam e adquiram tolerância com quem pensa diferente antes que comecem a queimar livros. Minha solidariedade à professora.”
“A doutrinação poupa poucos”, constatou a cientista política Júlia Lucy. “O que se deseja é não ser contestado. Parece que pensar dói. Triste. Sem dialética, não há conhecimento.”
O deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR), que discordou de Janaina Paschoal em alguns momentos, publicou: “Nesse caso, ponto para ela”.
Leia a carta contra Janaina Paschoal
“O retorno de Janaina Paschoal às atividades de docência na Faculdade de Direito da USP é uma notícia recebida com perturbação pelo corpo discente do Largo de São Francisco e pelo Centro Acadêmico XI de Agosto.
Desde que se tornou uma das lideranças e a principal fiadora jurídica da extrema direita, Janaína abandonou os valores democráticos que devem permear as salas de aula da principal instituição de ensino jurídico do país.
Exemplo notório desse desvio é ter sido uma das poucas docentes que não assinaram a 'Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito', documento histórico escrito pela Faculdade de Direito, que congregou o Brasil em defesa da democracia.
Consideramos que Janaína Paschoal tem dado uma contribuição indecente para o país. Foi a responsável por fundamentar juridicamente o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff e, em 2018, apoiou e surfou a onda bolsonarista para alcançar um mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Nos quatro anos sombrios que o país estava sob o governo de Bolsonaro, Janaína se apresentou como uma espécie de bolsonarista esclarecida. No entanto, as suas supostas divergências com os movimentos de extrema direita são mínimas e consideramos haver, em suas mãos, tanto sangue quanto nas mãos deles.
Felizmente, a população de São Paulo recusou um mandato no Senado. Por outro lado, a sua derrota na política possibilita um retorno às arcadas. É por isso que, antes que pise novamente no Território Livre do Largo de São Francisco, queremos que saiba que não é mais bem-vinda.
Hoje a Faculdade de Direito da USP é dos alunos negros e pobres. Hoje a universidade pertence aos defensores da democracia, não aos seus detratores. É exatamente por isso que você não cabe mais aqui. As nossas salas de aula se tornaram grandes demais para você.”
Revista Oeste