Pesquisa mostra partido de Le Pen na liderança de eleições e sigla de Macron em terceiro lugar
Marine Le Pen (E) e o atual presidente da França, Emmanuel Macron (D). JOEL SAGET,ERIC FEFERBERG / AFP
O partido de extrema-direita francês União Nacional (RN, na sigla em francês), liderado por Marine Le Pen, tem 36% nas intenções de voto para as eleições legislativas que acontecem na próxima semana, à frente do partido de esquerda Nova Frente Popular, que tem 27% das intenções, afirma a pesquisa da Elabe, encomendada pela emissora BFMTV e pelo jornal La Tribune Dimanche. O partido do presidente Emmanuel Macron aparece em terceiro, com 20% das expectativas de voto.
Em 9 de junho, Macron convocou eleições legislativas antecipadas na França, depois que o RN obteve quase um terço dos votos na votação para o Parlamento Europeu. O partido de extrema-direita é representado pelo candidato Jordan Bardella, que se esforça para moderar a imagem do partido, assim como Le Pen, que deseja apagar o legado de seu pai, Jean-Marie Le Pen, conhecido por seus comentários racistas e antissemitas.
A pesquisa coletou votos de maneira virtual, entre 9 e 21 de junho, com uma amostra de 2.002 franceses. Segundo o levantamento, estas eleições terão a maior taxa de participação desde 2002, com cerca de 62% dos aptos a votarem comparecendo às urnas.
Diante da perspectiva de um governo de extrema direita, milhares de pessoas protestaram em Paris e outras cidades francesas para denunciar o "perigo" que o partido representa para os direitos das mulheres. Durante o protesto, associações feministas e sindicatos criticaram o "feminismo de fachada" do partido de extrema direita.
O primeiro e segundo turno das eleições francesas estão programados para acontecer nos dias 30 de junho e em 7 de julho.
Oposição
O temor de uma vitória da União Nacional levou a oposição de esquerda a estabelecer uma aliança. A Nova Frente Popular é uma coalizão liderada por socialistas, ecologistas, comunistas e o partido A França Insubmissa (LFI, extrema-esquerda), que recebeu elogios inclusive do ex-presidente socialista François Hollande, candidato nas eleições.
O líder do LFI, Jean-Luc Mélenchon, se recusou a "eliminar-se ou impor-se" como primeiro-ministro em caso de vitória da esquerda. Mélenchon anunciou sua "intenção de governar este país". Mas Hollande pediu ao radical que, se deseja ajudar, "se afaste, que se cale".
A aliança de Macron tenta estabelecer a posição de alternativa contra os "extremos", em referência a RN e LFI.
"Nosso país precisa de uma terceira força, responsável e razoável, capaz de agir e tranquilizar", afirmou a atual presidente da Assembleia Nacional (Câmara Baixa), Yaël Braun-Pivet, ao jornal La Tribune.
Popularidade de Macron
Nas pesquisas, a popularidade de Macron está em queda livre, mas não atingiu o nível registrado durante a crise dos "coletes amarelos" em 2018: caiu quatro pontos, a 28%, na pesquisa do instituto Ipsos para o jornal La Tribune. Também registrou queda na pesquisa Ifop para o JDD, com o recuo de cinco pontos, para uma aprovação de apenas 26%.
A decisão inesperada do presidente francês de convocar eleições legislativas antecipadas após o fracasso de sua coalizão nas eleições europeias de 9 de junho diante da extrema direita, que obteve o dobro dos votos dos centristas, provocou um "terremoto político" de consequências incertas, segundo os analistas.
Macron, no poder desde 2017, enfrenta dificuldades para concretizar seu programa de governo desde que perdeu a maioria absoluta na Assembleia Nacional nas eleições legislativas de junho de 2022, mas defendeu a dissolução da Câmara Baixa como uma opção necessária para "esclarecer" o panorama político.
Macron, que tem mandato até 2027, descartou a possibilidade de renunciar, independente do resultado das legislativas. O presidente prometeu neste domingo "trabalhar até maio de 2027", embora o seu campo encare um cenário difícil contra a extrema direita.
"O governo que virá, que refletirá necessariamente o voto de vocês, espero que reúna republicanos de diversas sensibilidades que terão a coragem de opor-se aos extremos", escreveu o presidente em uma carta aos franceses publicada pela imprensa.
GZH