Dólar fecha a R$ 6 pela primeira vez na história após estresse com pacote fiscal
O dólar fechou na sexta-feira em alta histórica, cotado a R$ 6. O valor é reflexo do estresse do mercado financeiro relacionado ao pacote fiscal do governo federal. Desde quarta-feira, dia do anúncio do pacote de corte de gastos, a moeda norte-americana escalou e hoje, mais cedo, ultrapassou a barreira dos R$ 6, chegando a ficar em R$ 6,11.
A medida teria irritado o mercado , que também lida com o temor em relação aos impactos do câmbio na inflação. As questões fiscais fizeram o dólar avançar 3,8% no mês de novembro.
No final do pregão desta sexta-feira, o dólar registrou alta de 0,19%, cotado a R$ 6,0005. O mínimo do dia foi de R$ 5,9564, e o máximo, de R$ 6,1156 — novo registro intradiário.
Ao considerar o anúncio do governo federal sobre o pacote de corte de gastos, os principais agentes do mercado financeiro esperavam um corte maior que os R$ 70 bilhões em dois anos e os R$ 327 bilhões em cinco anos propostos pelo Executivo, segunda avaliação do diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI) e professor de economia licenciado pela Universidade de Brasília (UnB), André Roncaglia.
“O mercado esperava um pacote de cortes e o que veio foi um pacote de contenção de crescimento dos gastos. O mercado ficou frustrado porque esperava um caminho mais austero no sentido de reduzir a quantidade de dinheiro gasto no agregado pelo governo e o governo entregou foi diminuir o quanto vai aumentar o gasto”, explicou.
O economista e professor da UnB, César Bergo, avaliou à Agência Brasil que é preciso considerar ainda o cenário global marcado por incertezas, em especial, devido à gestão de Donald Trump, presidente eleito dos EUA, que tem prometido aumentar a tributação das
“Sobretudo em função das medidas que Trump vem anunciando, com o protecionismo e a questão da taxação das negociações e seu discurso de fortalecimento do dólar. Tudo isso tem proteção contra o preço do dólar. Contribui também para a política monetária americana, que na dúvida não reduz a taxa de juros, então também fortalece o dólar no mundo inteiro”, disse.
Correio do Povo