Notas e Apartes 1.622
CPMI – Apenas cerca de uma hora após a publicação da última coluna, um tópico já ficou desatualizado. Isso graças a uma reviravolta costurada por senadores e deputados da oposição antes da sessão do Congresso que elegeu o presidente e o relator da CPMI das fraudes no INSS. Estava tudo acertado para o governo Lula emplacar o senador Omar Aziz (PSD-AM) como presidente e o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), relator. Seria mais um teatro para proteger os fraudadores.
Cedo – A oposição comemorou a conquista da presidência e da relatoria. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) vai presidir a CPMI e o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) será o relator. Mas todo cuidado é pouco. No Congresso, governo, autarquias, associações e sindicatos há centenas de raposas da velha política. É cedo para comemorar. Sabe-se como uma CPI/CPMI começa, mas não como termina. Nessa hora, geralmente o corporativismo e os mecanismos de autoproteção se impõem. O caminho pode ser repleto de surpresas.
Ceticismo - Sou bastante cético quanto a um trabalho que vá realmente a fundo nas investigações. Tem muita gente graúda envolvida até a medula. Nada que emendas parlamentares de alguns bilhões de reais não possam resolver substituindo alguns integrantes da CPMI por outros. Muita calma nessa hora, portanto. A propósito, enquanto escrevo este tópico, houve acordo para que o tal Frei Chico, irmão de Lula, não seja inquirido. Ao menos por ora, argumentam. Será ouvido mais tarde, dizem. Ahã...
Narcotráfico – A Venezuela é dominada por vários cartéis de drogas. O ditador Nicolás Maduro, que continua no governo graças às fraudes praticadas nas eleições de julho de 2024, é acusado de ser o chefe do Cartel de los Soles. Ele teve a prisão decretada pelos EUA no ano passado. Trump oferece um prêmio de US$ 50 milhões para a prisão do ditador. Maduro age como a maioria dos ditadores que se veem acuados. Convocou seus milicianos – que ele estimou em 4,5 milhões! – para atuarem na defesa da pátria. Vídeos que circulam em redes sociais mostram pessoas com 50, 60 ou mais anos de idade, sem qualquer preparo militar. Dá pena de ver essas pessoas sendo manipuladas por um ditador sanguinário e insano.
Cerco – A tática de Donald Trump é o cerco à Venezuela pela Marinha dos EUA em águas internacionais visando capturar embarcações que transportam drogas para outros países. Assim, sufoca o narcotráfico em seu ponto mais sensível: os dólares obtidos com a venda de drogas. Dificilmente haverá invasão do território venezuelano. O objetivo é apear o ditador do poder sem declarar guerra. Lula dará asilo a Maduro? É esperar para ver.
Golpe – O norte-americano The Walt Street Journal, ligado à esquerda, publicou artigo acusando Moraes e o STF de estarem implantando um golpe de Estado no Brasil. “A liberdade nas Américas enfrenta um grau de perigo nunca visto desde a Guerra Fria”, segundo uma colunista do WSJ. Ela disse o STF está adotando as mesmas táticas de Hugo Chaves quando da implantação da ditadura venezuelana: o controle das instituições democráticas, seguido da prisão ou o exílio dos opositores. A jornalista aponta a abertura do chamado inquérito das fake news pelo STF, em 2019, de forma inconstitucional, como o momento em que as coisas saíram do rumo. O Executivo e o Judiciário já estão alinhados. Só falta parte do Legislativo, que ainda dorme em berço esplêndido e, quando acordar, verá que está tudo dominado.
Mobilização – Como já referi em oportunidades anteriores, ainda resta uma esperança: o povo nas ruas pressionando o Parlamento para agir em defesa da verdadeira democracia visando evitar a concretização da tirania. O julgamento de Jair Bolsonaro deve ocorrer na primeira semana de setembro com a sua condenação e prisão. Concretizada a farsa, resta saber como será a reação da população nas manifestações marcadas para o próximo dia 7. Tudo pode acontecer. Inclusive nada.
Sistema – O sistema que dá as cartas no Brasil não aceita Jair Bolsonaro como futuro candidato à Presidência. Ou qualquer outro membro de sua família. Eles atrapalhariam demais as negociatas dos isentões do Centrão a serviço do pessoal da Faria Lima (mercado financeiro). Por isso, o sistema negocia a candidatura do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos/SP), à Presidência. Ele representaria a tal “direita permitida” nas eleições presidenciais de 2026. Sepultar o projeto de anistia dos condenados pelos atos de 8.1.23 faz parte do pacote do Centrão.
Acordo - STF assinou acordo secreto com a Suprema Corte da China. É mais um passo rumo à consolidação da ditadura do Judiciário no Brasil. “Nós todos somos admiradores do regime chinês”, disse o ministro Gilmar Mendes, recentemente. Como o Supremo se recusa a informar os termos do acordo, juristas da associação Lexus enviaram ofício ao STJ exigindo a divulgação imediata de todos os pactos celebrados com a Corte chinesa.
Provas – O Brasil decente aposta suas fichas no ex-perito do TSE Eduardo Tagliaferro, atualmente refugiado na Itália. Tagliaferro fez parte da banda podre da Justiça, sim. Mas se arrependeu e guardou milhares de documentos comprovando falcatruas do ministro AM. As provas estão sob análise da área jurídica de um grande veículo de imprensa do exterior para posterior divulgação. Tagliaferro disse que o material deve ser publicado nas próximas semanas.
Soberania – Conforme os “jênios” da Escolinha do Professor Lulinha, Trump atenta contra a soberania brasileira quando impõe tarifas de importação para nossos produtos. O que é um ato perfeitamente legal, tanto que o Brasil faz o mesmo em relação aos EUA. Agora, quando o Partido Comunista Chinês, através da China Minmetals, adquire da Anglo American minas de níquel no Brasil ao preço de US$ 500 milhões, tudo bem. Estranhamente, a venda ocorreu por cerca da metade do preço oferecido pela Corex Holding, ligada ao grupo turno Yldirim. Assim, a China passa a controlar aproximadamente 60% da produção brasileira de níquel, um insumo estratégico para baterias de veículos elétricos, energia renovável e aço inoxidável. Antes, a China comprava DO Brasil. Agora, aos poucos, compra O BRASIL. Faz parte da implantação do projeto dos comunistas tupiniquins.
Presa – Vildete da Silva, uma idosa de 74 anos, pesando cerca de 40kg e usando cadeira de rodas, está presa em São Paulo por ordem de Alexandre de Moraes, desde 6 de junho de 2024, por suposto risco de fuga. Assim como centenas de outras pessoas, Vildete é acusada de tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes. Um “delito gravíssimo”.
Livre – Um homem detido pela polícia ao tentar fugir com mais de 200kg de cocaína em Itu (SP), no dia 20, foi solto na audiência de custódia. O juiz entendeu tratar-se de tráfico privilegiado e alegou "pequena quantidade de tóxico apreendida" e que "a quantidade de droga apreendida não foi exacerbada". Segundo o juiz, o preso foi liberado porque é réu primário. Ele não pagou fiança. Pobre vítima da sociedade. É mesmo digno de compaixão.
Donato Heinen