Um ministro tóxico
Houve tempo em que um ministro do STF era o exemplo máximo do pensamento jurídico nacional. Apolíticos, escolhidos pelo talento jurídico, probidade, cuidadosos com seu bom nome. Oriundos de longas e relevantes carreiras na magistratura, no Ministério Público ou na advocacia, eram a garantia do cidadão brasileiro nos tribunais. Um familiar exercendo a advocacia. O que, pelo uso do nome ou sobrenome, faz aumentar a banca e os ganhos, como se vê hoje, seria uma desonra. Imagine o leitor o juiz de Direito de sua cidade tendo o filho ou a mulher com banca de advocacia.
A TV Jornal do Oeste entrevistou um advogado brasileiro residindo nos EUA, a respeito do que significam as sanções da Lei Magnitsky, aplicadas por Trump contra o ministro Alexandre de Moraes, sua família e seus negócios pouco conhecidos. Diz Alexandre Garcia, gaúcho, jornalista emérito: é muito pior do que pensamos nós outros, os leigos, em pleno gozo de nossos direitos. Lei americana, é óbvio, não vale no Brasil. Mas vale nos Estados Unidos. Para suas companhias e principalmente, bancos. Cartões de crédito, por exemplo. Todos têm bandeira americana. Movimentações financeiras, passam por instrumentos bancários tutelados pelos americanos.
O Banco do Brasil, banco brasileiro por excelência, tem filial nos EUA, e, entre seus negócios, a movimentação de nossas safras agropastoris, através de sua carteira agrícola. Por ele Alexandre de Moraes recebe seus vencimentos. Se o banco descumprir a lei e continuar operando com Moraes, sofrerá sanções sobre suas operações. Com qualquer outro banco privado, idem. Como disse o advogado americano, Alexandre de Moraes e seus familiares e negócios viraram tóxicos: perigoso o contato e fazer negócio com eles.