Fácil de enrolar
Expressão bem brasileira. Não se refere ao tolo ou ignorante. Ao estúpido ou lerdo de raciocínio. Diz respeito ao indivíduo em sua essência. Como somos uma maioria de honestos, julgamos os outros por nós mesmos. O vigarista jamais entrará em uma pirâmide financeira ou cairá em um golpe pelo telefone. Mas o bom cidadão está sempre sujeito a ser enganado, pelo golpe ou por notícia falsa, a tal de fake. Sou um brasileiro patriota. Por isso me alegra cada drone ucraniano que explode uma central russa de combustíveis ou munições. Que destrói um tanque ou uma ponte russa. A Rússia tem de pagar a invasão.
Sou então uma pessoa fácil de enrolar se me contarem, por exemplo, que o Putin foi assassinado. Jamais imaginaria alguém inventado uma notícia destas. Isso vem a lume como exemplo do que nos bombardeia diariamente: as falsas notícias que parecem verdadeiras. Um jornal que eu já assinei, trouxe a informação de que o Aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, estava apto para operar. Só não o fazia porque era do interesse do governo federal que ficasse fechado para prejudicar o governador Eduardo Leite. Um colega, inteligente, vivido, da direita, imediatamente aceitou a notícia como verdadeira e a difundiu.
No outro dia, uma amiga, psicóloga, inteligente, vivida, de centro, me deu a mesma informação, na qual estava acreditando piamente. Porque ambos foram levados ao juízo errado? Duas razões. Primeira: a má-fé do criador da fake; segunda: a facilidade que temos de acreditar em notícias que gostaríamos fossem verdadeiras. É contra o Lula? Sem dúvida que é verdade. É contra o Bolsonaro? Claro que é verdade. E nosso juízo inocente fica à mercê de desonestos ou pagos para mentir. Induzindo-nos a difundir a mentira.