Uma tragédia anunciada

Novo Hamburgo, segundo dados de 2021, é a décima cidade mais rica do RS. Isso pode refletir em uma cidade com ótimas condições de vida, bons empregos e infraestruturas exemplares. Não é bem assim, mas, de qualquer forma, não é uma cidade do sertão brasileiro ou uma vila perdida da Amazônia. Onde é mais fácil imperar a lei do mais forte. Por outro lado, periodicamente, quando noticiam atentados monstruosos nos Estados Unidos, normalmente envolvendo alunos de escolas, fortemente armados, situadas em cidades com bom nível de vida, ficamos a pensar: mas quando as autoridades federais ianques vão fazer leis impeditivas de que qualquer cidadão tenha um arsenal em casa, disponível para o uso dos filhos?

A tragédia doméstica e social que ocorreu em Novo Hamburgo, com mortos, feridos, mais de oito horas de combate entre um atirador solitário e a polícia, nos levam para os padrões dos EUA. Do nada um aluno chega armado na escola e passa a atirar nos colegas e professores. Aqui, o caso de um filho que agredia os pais, notícia que nem sairia nos jornais, virou uma tragédia com mortos e feridos.

Mas, uma tragédia anunciada. Informa a imprensa que o atirador morto era esquizofrênico, distúrbio mental que afeta a capacidade da pessoa de pensar, sentir ou se comportar com clareza e cujo tratamento deve ser contínuo. Nestas condições, como a família permitia que ele tivesse um arsenal em casa, com abundância de munição e armas? Mesmo com quatro internações por sintomas? Resultado da tragédia é que agora os candidatos a porte de arma deverão fazer um exame mais rigoroso e seu prontuário médico será avaliado para além de um simples exame psicológico de rotina. Como sempre: porta arrombada, tranca de ferro. Menos mal.