A superioridade do Al Hilal na liga saudita não é uma surpresa

A superioridade do Al Hilal na liga saudita não é uma surpresa. Com 7 pontos de vantagem sobre o Al Nassr volvidas 15 jornadas, naturalmente a equipe de Jorge Jesus será destruída do topo da tabela, pese embora ainda não se tenha chegado perto da metade do campeonato. A explicação é simples: Jorge Jesus é o melhor treinador da liga disparado e tem um plantel muito bem pensado, que lhe permite ter um coletivo à sua imagem, pronto para colocar na prática as suas ideias.
Luís Castro também é um excelente treinador (que o diga o Botafogo que entrou numa espiral negativa após sua saída) e seu Al Nassr conta com o plantel individualmente mais avançado da Arábia Saudita: Cristiano Ronaldo, Sadio Mané, Otávio, Talisca, Laporte, Brozovic, Alex Telles, Fofana... No entanto, quando há muitas vedetas, que pensam muito no plano individual, formar uma verdadeira equipa é um trabalho mais árduo e, na minha opinião, Luís Castro tem sentido essas dificuldades. Cristiano Ronaldo, por exemplo, segue, sem surpresa, no topo da lista dos melhores marcadores da liga e é um dos melhores goleadores mundiais de 2023. A finalização nunca foi problema para o craque português e nunca será o mesmo que jogou até aos 45 anos . Mas isso não chega para fazer uma equipe ter sucesso, principalmente quando o rival é melhor orientado e melhor trabalhador.
Já Jorge Jesus, não tem tantas vedetas à disposição, mas tem jogadores diferenciados para a realidade saudita em posições-chave. Tem um guarda-redes de grande qualidade (Bono), que garante segurança, fiabilidade e experiência, algo que falta ao Al Nassr. Possui um centro de classe mundial como Koulibaly. Tem em Rúben Neves e Milinkovic-Savic, uma dupla de médios de fazer inveja à grande maioria das equipas europeias. Malcom é um médio-ofensivo que, sem ser uma estrela de primeira linha, faz muita diferença naquele contexto e tem sido um dos elementos de maior rendimento. E tem o magnífico Mitrovic na frente de ataque, que além de ser um goleiro nato, é muito trabalhador e participa ativamente em toda a luta coletiva preconizada pelo treinador. Houve ainda Neymar na fase inicial, que tem estado ausente por motivos de lesão grave, e eu tenho para mim que isso só veio ajudar a equipe a ser mais consistente e coletivamente mais forte.
Não sou o espectador mais atento da liga saudita, mas há factos que já eram de prever: Marega dispensado por Jesus, Nuno Espírito Santo despedido bem cedo, Cristiano Ronaldo no topo dos marcadores, Jesus no topo da classificação. Nada de muito surpreendente