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Por Donato Heinen. Publicado em 27/04/2025 as 15:37:42

Rafael Correa lamenta por Lula não apoiar denúncia de “fraude” nas eleições do Equador

Segundo Correa, a "América Latina ainda está em disputa"


Lula recebe condecoração do presidente equatoriano, Rafael Correa, em Quito - 6.6.2013 (Foto: EFE/Cecilia Puebla)

O ex-presidente equatoriano Rafael Correa, que governou de 2007 a 2017, lamentou que alguns presidentes progressistas da América Latina, como Luiz Inácio Lula da Silva e o chileno Gabriel Boric, tenham aceitado os resultados das recentes eleições presidenciais, nas quais o atual mandatário, Daniel Noboa, foi reeleito ao vencer a candidata correísta, Luisa González, que denunciou, sem provas, uma "fraude".

Em entrevista à Agência EFE, Correa criticou particularmente a postura de Boric por ter se juntado à oposição venezuelana ao considerar as eleições presidenciais do ano passado uma fraude e aceitar os resultados do Equador sem questioná-los.

Outros presidentes latino-americanos de esquerda manifestaram dúvidas sobre as eleições equatorianas em concordância com os líderes da Revolução Cidadã, o movimento político liderado por Correa, como Gustavo Petro, da Colômbia, Claudia Sheinbaum, do México, e Nicolás Maduro, da Venezuela.

A possibilidade de fraude foi descartada pela União Europeia (UE) e pela Organização dos Estados Americanos (OEA), as duas principais missões internacionais de observação eleitoral no Equador, que endossaram os resultados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e certificaram um processo transparente.

Na contagem de votos, Noboa foi reeleito para o mandato 2025-2029 com 55,67% dos votos válidos contra 44,37% de González, uma diferença de mais de 11 pontos percentuais que não havia sido previsto por nenhuma pesquisa de opinião ou de boca de urna.

Os partidários de Correa lançaram a hipótese - ainda não comprovada - do suposto uso de células impregnadas com uma substância química (ácido tânico) para que a tinta dos votos a favor de González fosse limitada de um lado para o outro e permanecesse no espaço destinado a Noboa.

Segundo Correa, a "América Latina ainda está em disputa"

O ex-presidente equatoriano diz que a “fraude”, que ele insistiu ter ocorrido no Equador, fez parte do surgimento de posições de extrema direita no mundo, com o surgimento de líderes como Donald Trump nos Estados Unidos, Nayib Bukele em El Salvador e Javier Milei na Argentina.

Apesar disso, Correa disse que "a América Latina ainda está em disputa", lembrando que nos anos 90 a região era praticamente dominada pela direita, o que começou a mudar com a chegada de Hugo Chávez à presidência da Venezuela no final da década.

"Até recentemente, quando Alberto Fernández era presidente da Argentina, tínhamos as cinco maiores economias da América Latina nas mãos de governos progressistas: Brasil, México, Colômbia, Argentina e Chile. Milei venceu e agora temos quatro das cinco maiores economias. Isso nunca havia acontecido antes", comentou Correa.

"Quem poderia imaginar, há dez anos, que um governo de esquerda chegaria à Colômbia, o país mais conservador da história? Na Guatemala, chegou (Bernardo) Arévalo, outro dos países mais conservadores da região. Então, acho que a América tem isso, está em disputa, você tem que ver isso em perspectiva", acrescentou.

O ex-governante argumentou que “a democracia deve ser um instrumento de desenvolvimento, deve mudar um sistema e, por essa razão, as estruturas de poder devem mudar, porque as elites sempre nos dominaram e essa é uma luta política enorme”.

"Por que vocês acreditam em tanto ódio contra mim? Por que vocês acreditam em tanta perseguição? Porque somos um perigo real para o poder deles", questionou.

Correa é refugiado e tem sentença de prisão

Correa, que está na Bélgica como refugiado enfrentando uma sentença de oito anos de prisão por suborno e inelegibilidade política, afirmou que o Equador viveu "uma tragédia" desde que o correísmo perdeu o poder em 2017.

"Tudo o que aconteceu de suportar foi muito duro", relatou o ex-presidente, para quem "se isso aconteceu por parte de um governo de esquerda como a Venezuela contra seus opositores, seria notícia de primeira página em todo o mundo."

"Mas como é contra nós, não acontece absolutamente nada. A dor humana tem sido muito grande", declarou.

No entanto, Correa garantiu que a Revolução Cidadã continuará "cumprindo os seus deveres".

"Não buscávamos isso, mas aconteceu, e temos de enfrentá-lo com alegria. Não é a vida que teríamos preferido, mas ter a vida de um burguês satisfeito seria impossível para mim. Eu já estaria morto em vida. Portanto, agora é difícil, mas continuamos a lutar, mas também cabe ao povo equatoriano reagir", completou.

Gazeta do Povo


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