Conheça as cidades mais católica e evangélica do país; ambas ficam no Rio Grande do Sul

Em um país de diversas crenças como o Brasil, duas pequenas cidades do Rio Grande do Sul se destacam por números expressivos quando o assunto é religião. De um lado, Montauri, com menos de 1,5 mil habitantes, carrega o título de cidade mais católica do país. Do outro, Arroio do Padre, com pouco mais de 2,5 mil moradores, é o município mais evangélico.
Em Montauri, a fé católica está esculpida nas fachadas das casas, nas mãos que limpam a igreja aos domingos e nas promessas cumpridas com devoção. Já em Arroio do Padre, a tradição evangélica luterana pulsa nos cultos, nas torres das igrejas e nas histórias que atravessam gerações desde os primeiros imigrantes pomeranos.
Mas o que faz com que essas comunidades mantenham tamanha religiosidade? A resposta está na colonização, na força da tradição familiar e no papel social que a fé desempenha. Veja abaixo.
A presença da fé cristã está por toda parte. Do pórtico de entrada, até o exterior e interior das casas. A dona Ermelinda Terezinha Toffoli, por exemplo, tem uma imagem de Nossa Senhora na varanda de casa.
O que explica a dominância católica?
Montauri, assim como as outras oito cidades gaúchas que estão entre as dez mais católicas do país, tem colonização italiana. Segundo o Padre Valcir Rizzardi, as famílias até hoje mantêm a religião dos antepassados que chegaram na região.
“(Essa devoção é) devido à nossa cultura aqui, que prevalece mais ou menos a mesma porcentagem, de 98 até 99%, são todos de cultura italiana. E aí eles essa prevalência maior, porque devido também a isso (a religião) vem, nasce também da Itália, dessa região toda, que são todos migrantes que vieram para esses lados”, diz o padre, que há cinco anos está em Montauri.
O prefeito, Nelcir Stefenon, também atribui a fé católica atual ao passado.
“Eu acredito que desde as primeiras colonizações italianas foi o que trouxe a religião católica, e a partir disso, com certeza, teve um vínculo muito grande aqui na nossa comunidade montauriense”, comenta Stefenon.
Igreja além da fé
Atualmente, segundo o IBGE, são menos de 1,5 mil habitantes em Montauri. A comunidade, majoritariamente de descendência italiana, tem a igreja como auxiliadora da população.
A orientadora educacional Renata Valiatti conta que a devoção da comunidade é ponto fundamental para dar força a igreja e a própria população.
“Você percebe que faz parte da rotina. A igreja, a oração, muitos avisos são dados ainda pela sonora [da igreja]. Quando falece alguém é comunicado pela sonora. Somos um município pequeno que se organiza muito em cima da cultura e da religiosidade. Então, ainda surpreende que as pessoas ainda consigam se organizar dessa forma e manter a sua oração, a sua fé em cima dessa comunidade cristã”, explica.
Cidade mais evangélica do país fica no Sul do estado
Dos 2.599 habitantes de Arroio do Padre, na região Sul, quase 88,7% da população ouvida pelo Censo de 2022 disse seguir a religião evangélica. Proporção que cresceu nos últimos anos, visto que, no Censo realizado em 2010, 86% da população dizia ser evangélica. A pesquisa conversou com 2.353 pessoas com mais de 10 anos de idade no município.
Os dados não são novidade para quem vive na cidade. A religião luterana, vertente evangélica, veio em 1850 com as primeiras famílias pomeranas que se instalaram na localidade onde hoje fica Arroio do Padre.
No centro da zona urbana, é a torre de uma das igrejas luteranas que chama a atenção de quem passa. A construção é uma das três que ficam nessa área, cada uma com uma grande comunidade de fiéis.
Joelma, natural de Pelotas, veio ainda jovem para o município e se converteu à religião do marido:
“A gente tem uma ou duas comunidades católicas só, o resto, todas as comunidades são evangélicas. Então eles cultuam e preservam a religião com muito entusiasmo”, comenta.
O município tem apenas duas comunidades católicas, São Luiz e Sagrada Família, segundo a Arquidiocese de Pelotas. Ambas ficam na região da colônia, no interior do município.
Origem do nome
Tanto quanto as igrejas evangélicas, o nome do município chama atenção apesar da predominância dos pastores. As histórias da comunidade sobre a origem desse nome passam por várias versões, desde um padre que se banhava no arroio que cruza o município à um pároco que liderava a antiga feitoria onde o município se instalou. Oficialmente, nenhuma das versões foi documentada.
FONTE: G1RS